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Todos os textos © por Igor Barbosa ou devidamente creditados.

4/19/2005

... Apague a luz. 

Um ano e quatro meses, mais ou menos.

Agradecimentos ao blogger. Não fosse por ele, estaria provavelmente falando com as paredes e enchendo muito mais a paciência já maltratada de minha mulher, com minha conversa fiada.

Estou indo para . É bem mais confortável, e a vizinhança seletíssima: Bruno Rabin, o farsante mais farsante que eu já vi; Márcio Guilherme, o homem-aplomb; e David Butter, o sagaz.

Além disso, demos dois nós cegos: O Blogma, uma espécie de manifesto por um mundo melhor e mais belo (que jamais atingirá qualquer objetivo, bem sabemos) e o nosso blog coletivo Todos A Postos.

Então, desviem-se. That's where the party is.
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4/11/2005

Diálogos com a Igreja 

Conversei ontem com uma freira.
Havia conversado na véspera com minha sogra, que sempre concorda com meus motivos para me afastar da Igreja Católica brasileira de hoje em dia, e sempre me critica por estar afastado da Igreja. Católica tipo 1, pode-se dizer.
A freira é católica tipo 2, no caso. Olhou para minha cara e começou o discurso laudatório ao MST, à Teologia da Libertação, etc. Ficou, acho, um pouco admirada quando eu, em resposta disse que seu amiguinho Leonardo Boff era um moleque e um enganador, que a Teologia da Libertação era uma imbecilidade inimaginável para a Igreja Católica desde Pio X, e que a Renovação Carismática era blasfemadora e escandalosa. Deve ter me achado, e com razão, meio panaca por contrariar a ela e a todos os presentes quando afirmou a necessidade de que a Igreja se adapte ao mundo e à época.
A mesma freira acha deprimente o assassinato de uma colega no Pará (eu também acho), mas não sabe muita coisa sobre os abusos e assassinatos cometidos pelo MST, ou pelas FARC, tão amiguinhas de outros luminares católicos brasileiros de agora.
Não querendo responder, iniciou um discurso-narrativa sobre o pecado original, insinuando que a culpa pelo evento foi da mulher. Achei levemente divertido, mas prefiro a versão de Moisés, devidamente traduzida, pois não sei hebraico. Achei interessante o cuidado que ela tomava em declarar que a história bíblica era "a narração, uma versão dos fatos, que não podemos saber como tudo aconteceu exatamente". Tudo bem, eu sou cristão e acho que Deus criou o mundo em seis dias, e descansou no sétimo, e fez Adão do barro, e soprou em suas narinas a vida, e fê-lo dormir para tirar-lhe uma costela e deste osso fazer sua companheira.
Ela, sendo uma religiosa, reconhece que as muitas evidências científicas em contrário devem tirar a autoridade literal da Bíblia. Eu, como sou leigo, apenas acredito que entre duas versões que me contaram de uma história, tenho o direito de acreditar naquela que eu achar melhor. Já no final, quando declarei que não acredito que a Igreja deva ser submetida a certas leis e instituições de estado, como a obrigação de o casamento civil anteceder o religioso (o que é, aliás, uma impossibilidade teológica), ela deve ter ficado com muita pena de minha cegueira espiritual, e não me refutou, provavelmente para não me humilhar em minha ignorância das coisas deste mundo.
Gosto muito da pessoa de que estou falando, e nossas discordâncias doutrinárias não me fazem (nem a ela, creio) desistir de amá-la e rezar por ela; mas fazem, cada vez mais, que eu não sinta nenhum interesse em me reaproximar de uma Igreja controlada por idéias como as dela.
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3/29/2005

Burro, graças a Deus 

Fui entender ontem, ou antes de ontem, uma passagem da Bíblia Sagrada que sempre me deixou confuso: "Eu Te bendigo, ó Pai, ( ... ) porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11, 25).Isso sempre me pareceu que ou você é inteligente ou é amigo de Deus. Eu sempre quis ser um daqueles a quem Deus revela estas verdades, mas não via problema algum em ser inteligente também. Mas o fato é que eu sou burro, graças a Deus.Sou burro como todas as pessoas burras: entendo as coisas simples e não perco tempo com as outras. Uma coisa simples - uma coisa absoluta, sem exceções, falhas, ressalvas - é que matar alguém é errado.Para nós, tolos, isto é simples; mas para muita gente mais esperta não é bem assim. Todos vêem que o caso de quem está em estado vegetativo excede a regra. Eu só acho que quando é concedido um direito indevido, em pouco tempo este direito é exagerado. Quando se deixa um marido matar a esposa porque ela está inconsciente há anos, este é o primeiro passo para se permitir aos maridos que matem as esposas gripadas; quando se dá o apoio legal para uma mulher grávida matar seu filho porque este não tem cérebro, logo haverá apoio legal para que matem os filhos porque não têm olhos verdes.Também me falam, tentando me instruir, da irreversibilidade da situação. Bem, esquecendo que eu não acredito em irreversibilidade, gostaria de lembrar que Diabetes e Artrite também são incuráveis.Aliás, já que eu sou um burro chato, de onde saiu a idéia de doença incurável, de estado irreversível? A mesma lei que torna relativo o direito de uma pessoa viver torna absoluto uma circunstância patológica? Neste caso, gostaria que me ensinassem sob que lei isso acontece; eu consigo imaginar facilmente o contrário, a Terri Schiavo levantando amanhã da cama para ir jogar futebol, logo esta é uma possibilidade.O que eu não consigo imaginar é que matar alguém – em nome do bem-estar do doente, da família, dos médicos – seja a melhor coisa a fazer.
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Se eu passasse quinze anos deitado, não sofreria o mesmo que se passasse quinze dias sem comer. Se o caso é que a mulher está sofrendo, porque adicionar ao sofrimento da coitada a fome?
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3/23/2005

Retilíneo Uniforme 

A alma subiu do chão da esquina até seis metros, de onde observou - um ou dois minutos - o gordo corpo arrebentado ao qual estivera amarrada por entre uma e duas décadas. A roupa branca suja de sangue. O caminhão cercado por pedestres revoltados, um motorista tentando convencer a multidão, "eu não tive culp...", pedra na cabeça, "a!".
A alma teve senso estético suficiente para sentir aversão e deixar-se subir. Acima só o ceu e as nuvens, cada vez mais perto. Os pássaros desejando-lhe bom dia! bom dia! E embaixo, o mundo mofado de gente. Que dúvida? Sentiu no bolso (almas têm roupas e bolsos, como não?) um peso suave, nulo se não estivesse subindo. Sem olhar o que eram, tomou uma mão cheia e espalhou-os sobre a mundo como um presente de despedida (um daqueles presentes magnânimos que deveriam envergonhar quem os recebe): Voaram dentes-de-leão.

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3/21/2005

Danem-se as livrarias 

Parei ao ler uma plaquinha: "Tudo 1 real". Eram livros. Boas compras?

  1. The Penguin book of narrative verse - Com tudo da poesia narrativa inglesa: Shakespeare, Byron, Shellet, Coleridge, Poe, Keats, Wilde, Yeats, Pound, para ficar só na primeira divisão. Estupendo.
  2. As Minas de Salomão, por Rider Haggard - Tradução para português por Eça de Queirós, O-hoy.
  3. Uma Campanha Alegre, do mesmo Eça. Em dois volumes.
  4. Um vagabundo toca em surdina, do Knut Hansum. Ainda não li.
  5. Uma biografia de George Sand.
  6. As Cariocas, do Sérgio Porto.

E mais outros seis volumes. Isso por aqui acontence muito, e é de longe a melhor maneira de comprar livros. E a minha professora de Teoria da Literatura queria que eu comprasse um livro do Chico Buarque, por um preço trinta vezes maior. Claro.


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3/16/2005

Davi 

Amigos,

Para todos vocês, uma foto do Davi em seu segundo dia de vida. Perdoem-me por não enviar mais; ocorre que estou usando conexão discada, e tenho que acordar cedo amanhã, por isso tenho que me limitar. Viva-se sob 30kbps.
Davi nasceu às 20:15hs de anteontem, 14 de março, pesando 3,355kg e medindo 49cm. Aos que já me viram pessoalmente, vejam se parece comigo (eu o acho mais bonito). Façam o mesmo os que conhecem a mãe.
Cintia está muito bem, muito melhor do que seria esperado. A alta está prevista para amanhã. Mais novidades a qualquer momento; por enquanto meu cérebro não está funcionando muito bem, não posso dizer muito.

Obrigado a todos pela companhia, apoio, torcida e orações. Que Deus abençoe desde hoje e para sempre o Davi e nos faça, a mim e Cintia, bons pais.


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3/03/2005

Com 12 horas de diferença 

Amigos,

Então, parto amanhã para a Austrália. Vou a trabalho, o que é semi uncool. Volto domingo, dia 13.
Na minha volta, novidades. Até lá, fiquem com um sonetinho.

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Do corpo ao plano, a mente esteja certa
que há de encontrar o vértice que fura,
a aresta cortante e desperta,
e a face contundente de loucura.

Do plano à reta, a mesma estranha lida,
um comparar grandezas desiguais;
Perímetro de área espremida
Até área, de fato, não ser mais.

Da reta ao ponto, um já entediado
Rever o que foi visto sem amor,
E mais, desamar o que foi amado,

Não ser jamais o que não foi, cansada
Por saber-se que não há divisor
no momento que vai do ponto ao nada.
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