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Todos os textos © por Igor Barbosa ou devidamente creditados.

2/28/2005

Não gosto de Cinema 

Não gosto de cinema, porque não gosto de quem gosta de cinema.
Fica-se muito chatinho, como no caso de qualquer dileção artística - primeiro gosta-se da forma de arte, depois elege-se uma escola ou estilo, daí um autor em especial. Tudo isso é causado somente pelo investimento de tempo em conhecer o negócio, mas o sujeito que chega nesse ponto dá-se arezinhos eruditos, usa óculos estranhos e então já tudo está perdido.
Não gosto de cinema, por isso não entendo do assunto. Gosto de alguns filmes, mas me sinto mal ao perceber que a coisa se resume a isso - gosto, não gosto ou nem me interesso, caso mais comum e aplicável a todos os filmes concorrendo ao Oscar de qualquer coisa ontem. Já os comentários de um convidado da Globo (a memória, renitente, diz-me que era o José Wilker, mas a vergonha de sabê-lo impede-me confessá-lo, hehe) sobre os filmes citados me confirmava a impressão de que Cinema é a maior chateação.
Discute-se sobre enquadramento, fotografia, decupagem, etc. e eu me sinto infinitamente mais esperto. Elogia-se a maturidade de um filme, e eu penso Papai do céu, onde estás que não os fulminas com um rayozito. O Wilker ficou felicíssimo quando uma musiquetinha espanholeta horrorosa, chatíssima, interpretada (palavra-lei) por um Antonio Banderas über-cafonão e um Carlos Santana que é simplesmente o Santana, o rei da vulgaridade instrumental. Fiquei com a sensação que iam tocar Oye Como Va, mas ficaram mesmo na babaquice de motocicreta, e com isso ganharam da música até que legalzinha do Counting Crows, a nova banda do Chico César.E o mais ridículo são os fãs-desde-sempre, que nunca são fãs há mais de dois meses. Fenômeno verificado em Senhor dos Anéis, repete-se com O Aviador; vão deitar que todo mundo sempre admirou muito o Hughes sei-lá-quem.
Bem, é isso; veremos agora se serei acusado de inveja ou frustração, outra palavra-lei dos babacas que não podem ver ninguém falando mal de algo que envolva dinheiro ou fama em escala maior que a própria vida de quem fala. Isso provará definitivamente minha superioridade intelectual; tomara até que alguém diga que tem pena de mim. Rá!
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2/25/2005

Decadência e Origem da Arte Visceral 

O poeta batia na mesa, a intervalos regulares lá na cabeça dele. Gritava "Meu Clímax! Meu Clímax".
Estava chegando à quadragésima página de um poema épico. "Meu Clímax!", um copo, "Meu Tuínax!". Palavrão.
E o clímax chegou, dentro de um copo de brandy - trazido pela musa disfarçada de garçom. Ele engoliu de uma vez só, a musa tinha feito era de sacanagem mesmo. O clímax ia ser mas era no fígado do zé-ruela.
Foi para casa, e assim nasceu a arte visceral.
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2/15/2005

Quando dizias em voz murmurante
o que era belo em mim e o que não é,
a dor atroz sentida neste instante
deixava-se sentir mais inflamante,
pois sempre te detinhas na ralé.
O que era belo em mim, e ainda é,
não confessavas bem, por arrogante
que me considerasse, e tinhas fé
que eu, displicente, punha-me de pé
e refutava teu falar amante.
E como agradecido sou por tanto,
Pois me amaste já vendo o mal e o vício
Que por gosto, mas similando ofício
Fingi por teu amor e teu encanto.
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2/04/2005

Oito anos esta manhã 

"Cinema brasileiro não presta. Se atraísse público, apareceria logo distribuidor e exibidor. Foi ótimo acabar com a Embrafilme, saqueada por um grupinho muito conhecido que não dava chance a quem não era da patota. A saída é se aliar à televisão. Cinema com dinheiro do governo só pode dar em porcaria. Tudo em que o governo põe a mão vira porcaria"
Ele é duca.

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Notas do Alter Ego. 

Meu cachorro Alphonse Daudet é um bobalhão, e eu não fico atrás. Grandes surpresas, um cachorro e um homem bobos; é tão vulgar que eu desisto. (Inspiro fundo e lento) Pronto, fiquei perspicaz – espertão. Tentei convencer Phonsy a fazer o mesmo, mas ele finge que não me ouve.
Nem vai me ouvir depois que chegarmos ao parque, onde gosto de deitar na grama e virar a cabeça para trás, até dormir observando a grama e o céu em posições trocadas, até que o sono me faça esquecer e pensar que o céu é verde e a grama azul. A posição não é natural, de fato, e minha cabeça volta a entrar no eixo da coluna enquanto durmo, e quando acordo tenho apenas o céu à minha frente. Já o vi azul muito escuro, pensei que estava no fundo do mar, afogado. Hoje as nuvens estão cacheadas.
Acordei e uma menininha está com meu guarda-sol, distante uns três metros. Essas ladrazinhas, não posso simplesmente tomar meu escudo de volta. Uso o guarda sol para proteger meus pés, pois não me incomodo com o sol no rosto; mas há na cidade um concurso que venço todos os anos. Trata-se da eleição do mais branco pé masculino.
O prêmio do concurso é minha única fonte de renda.

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