6/28/2004

Gladstone venceu, como sabem. Aguardamos seu parecer sobre o destino do prêmio.
********************
Tenho dois romances, alguns contos, uma peça em dois atos curtos, uns tantos sonetos, poemas infantis e nonsense. O que faço com isso?
Ah, sim, há também uma pouca de partituras originais para lute (violão sempre parece alguém tentando tocar Stairway to Heaven. Arrenego).
Repito, com isso eu faço o quê?
********************
Tem sido difícil, mas estou cumprindo bem minha promessa de calar a boca sobre política. Para errar pouco é preciso falar sobre pouco. Para falar sobre pouca coisa é preciso ter bons princípios, e poucos, que não se confundam. Ter muitas virtudes na manga é não tê-las na mão. Sei muito pouco sobre quase nada, o que me habilita a falar muito e nunca errar.

6/24/2004

1. Tire um printscreen da tela, aparecendo o contador.
2. Salve o arquivo em formato .jpg
3. Mande para
mim.
4. Aguarde seu prêmio.

6/22/2004

1) Toda tese permite uma antítese, com a qual forma uma síntese.

Mas isto é uma tese. Logo, permite uma antítese, que é

2) Nenhuma tese possui uma antítese e não se formam sínteses.

A síntese de 1 e 2 é

3) Algumas teses permitem antíteses, outras não.

Mas toda síntese é uma nova tese. Logo, 3 é uma tese. Qual é a antítese?

6/16/2004

Meu calcanhar de Aquiles fica no Ego. Acho que por isso não me ocorre possibilidade de homossexualismo – Homens sabem elogiar, mas não bajular. Eu só preciso, para ser feliz, de bajulação na dose certa. Mulheres são insuperáveis – ou desprezam ou bajulam perfeitamente.Tudo, é claro, começa com minha mãe. Diz muito o fato de ser o terceiro de três filhos, nascido dez anos após o segundo? Aham. O grande problema foi que eu acreditei por longo tempo que as pessoas sempre me tratariam bem sem que eu pedisse isso. Foi assim que eu descobri que as meninas sabem desprezar tão bem quanto bajular – eu não sabia pedir que me amassem. Aprendi no fim da adolescência, e café-com-leite fui pleitear o carinho de Nina, que mo deu – ensinando-me também que é preciso merecer o que se deseja. Também me ensinou a merecer, felizmente, e hoje eu tenho tudo que preciso.

Nina é perfeita nisso também – um instante para lembrar que parte da perfeição dela é não participar muito visivelmente do que crio, mas vá lá – perfeita em me dar segurança. Estar seguro não é ter os pés no chão; é achar o chão desnecessário. Os pés nunca estão no chão, e quem pensa que sim nunca olhou para baixo. Segurança é a certeza de que pelo menos se usa um par de sapatos bonito. Minha mãe tem esse único defeito, não saber elogiar meus sapatos. Ela acha mais bonito uma chinela bem plantada no chão. Não reclamo, parte da preocupação maternal. Mas ainda hoje minha mãe cozinha para mim e cuida de inúmeras outras necessidades de solteiro (em termos, é claro) mimado preguiçoso que sou.

Isso não significa, é claro, que eu não saiba limpar o que sujo, cozinhar o que como, pagar o que consumo. Sei fazer tudo isso e sei que devo fazer. A preguiça, contudo, persiste; quem me culpa? Faço o que posso, mas o amor incompreensível destas mulheres insiste em me tornar a vida menos árdua.

Há todas aquelas que de quando em quando aqui vêm, dedicando-me palavras gentis – digo, não a mim, que não conhecem, mas ao que mostro de mim, que de resto não é muito diferente do que sou. Há também amigos que vez por outra me reanimam, dizendo que tenho qualidades que não chego a procurar em mim mesmo – entenderão que não desprezo seus elogios, que também me comovem. O que não sabem é dar-me na boca as uvas certas; decerto nem querem.

6/15/2004

O Senhor dos Anéis

A véia, debaixo da cama
A véia criava um hobbit
Na noite que se danava o hobbit chiava e a véia dizia
Ai meu Deus se acabou tudo
Tanto bem que eu te queria

A véia, debaixo da cama
A véia criava um orc
Na noite que se danava
O hobbit chiava, orc miava e a véia dizia
Ai meu Deus se acabou tudo
Quanto bem que eu te queria

A véia, debaixo da cama
A véia criava um dwarf
Na noite que se danava
O hobbit chiava, orc miava, o dwarf latia e a véia dizia
Ai meu Deus se acabou tudo
Quanto bem que eu te queria

A véia, debaixo da cama
A véia criava um ent
Na noite que se danava
O hobbit chiava, orc miava, o dwarf latia, o ent pulava e a véia dizia
Ai meu Deus se acabou tudo
Quanto bem que eu te queria

A véia, debaixo da cama
A véia criava um elfo
Na noite que se danava
O hobbit chiava, orc miava, o dwarf latia, o ent pulava, o elfo gritava e a véia dizia
Ai meu Deus se acabou tudo
Quanto bem que eu te queria

6/14/2004

Adjetivos vazios. Celebridades dizendo que algo é maravilhoso - Santo Deus, na boca de pessoas assim um cachorro-quente é tão maravilhoso quanto um parque aquático.

Casais de celebridades dizendo que estão "ainda se conhecendo", o que é pior do que o antigo bons amigos.

O uso, numa só frase, dos verbos cantar e encantar. Vi o Zeca Pagodinho, perguntado sobre qual é o segredo do sucesso, responder "não basta cantar, tem que encantar". Realmente fico encantado pelo Zeca Pagodinho, queria ser ele. Aliás, é quase imperdoável o que Los Hermanos fizeram no refrão desta música.

Concursos de talentos. Precisamos de mais cantores? Quem disse? Pois eu digo que não.

Pessoas que elevam o cotovelo a 90º da cabeça ao falar no celular; pior se puser um dedo da outra mão no ouvido.

Listas de clichês odiados.

6/11/2004

Para o aniversário da Nina, quarta-feira, fiz bolo de chocolate recheado com creme de menta. Nham, nham. Tentei encontrar uma vela do Pato Donald, mas por sorte não consegui (ela não reclamaria, mas a idéia é bizarra). E amanhã é dia dos namorados. Beijem os seus e as suas, leitores que os/as têm. Mas isso vocês fariam de qualquer jeito.

Se me perguntassem a solução para os problemas da humanidade, sugeriria:

1-Não linkar nenhuma, ou quase nenhuma referência em blog. Quem quiser que procure, eu estou sempre com preguiça.
2-Que todos assistam Chicken Run.
3-Que os governos autoritários executem - atenção! - em massa quem não gostar de Chicken Run.
4-Que mudassem aquela música do João Leno chamada Woman is the nigger of the World para Greek is the Bahian of the World.

Os gregos trabalham até 13:00pm da tarde*, fazem uma pausa(!) até as 17:00, quando voltam a trabalhar até as 19:00. Isto é, a maior sesta do mundo, e provavelmente fora dele. Preciso ir para a Grécia, esperem só até eu aprender grego.

*: Eu sei que redundância é um recurso humorístico clichè. Mas não resisti ;-)

6/09/2004

Minha menina, em tudo te vejo. Será que você mora em todos os lugares ou apenas dança sobre meus olhos? Você voa e eu vou atrás, eu que sou tão teu que chego a ser mais do que sou para ser mais teu. Você fala e eu emudeço, e você fala sempre e muito. Graças a Deus é assim. Eu que sempre fui de falar muito e falar pouco e falar muito e falar pouco já não posso falar nada, e graças a Deus que é assim. Você venta, você sente, você volta e vai de novo, você me amarra os dedos, você me prende à vida. Por tua causa eu amo tudo que ainda amarei. Já tive medo de ti, e por isso te respeito tanto quanto te desejo. Já te vi, e por te ver não vejo mais. Não te chamo, espero apenas. Sei que você vem. Não posso contigo, mas espero teu perdão por ver-te como te vejo, e em meu beijo beijar-te e beijar também você.

6/08/2004

Sou eu.

6/07/2004

Cor blimey, I taste like Tea. I am a subtle flavour, quiet and polite, gentle, almost ambient. My presence in crowds will often go unnoticed. Best not to spill me on your clothes though, I can leave a nasty stain. What Flavour Are You?

If you weren´t tea, you would be Coffee.

Buzz buzz, I am Coffee flavoured. I am popular in the workplace, even though I am often bitter. I am energetic to the point of being frenetic; buzz buzz, out of my way. I tend to overwork myself and need periods of recovery time. What Flavour Are You?

6/04/2004

Como dizer? Terei férias em breve, e devo postar pouco, se postar. Na volta o layout muda, sonhei com a aparência antes de ontem, espero sonhar com o código. Na verdade, espero nunca mais sonhar com tecnologia, que medo.

********************

Ensaio de banda. Diz o guitarrista mala (quase todos os músicos são malas):

-Que música vamos tocar do Kiss?

E a baterista responde:

-Bem que se quis...

O guitarrista mala insiste:

-Não, pô, a banda, Kiss.
-Banda Kiss? Ah, tá. Para de sorrir senão te agarro, se te pego assim sorrindo não te largo, Peraê, Peraê, Peraê!

********************

Quem perde tempo discutindo esquerda vs. direita, marxismo vs. socialismo? É tão óbvio que em pouco tempo nem uma coisa nem outra será mais do que passado. Se é assim, vamos discutir Monarquia Parlamentar vs. Aristocracia Rural.

********************

Para quem quiser saber, minha lista de autores favoritos, seguindo a organização do Cruz Almeida:

Divina Trindade:
Wilde, Dostoiévski e Boccaccio

Gênios:
Shakespeare, Machado de Assis, Eça de Queirós, Camões, Álvares de Azevedo, Byron, Nabokov

Grandes Autores:
Henry Miller, Emily Brontë, Evelyn Waugh, Camilo Castelo Branco, Manoel Bandeira, Gil Vicente, Pierre Choderlos de Laclos, Edmond Rostand, Agatha Christie, Italo Svevo

Contistas Geniais - Menção Honrosa:
Poe, Dickens, Conan Doyle

Brasileiros - Menção Honrosa:
Paulo Francis (como romancista), Manuel Antonio de Almeida, Lima Barreto

Não-Ficção:
Mario Curtis Giordani, Olavo de Carvalho, Gibbon, Soren Kierkegaard, Paulo Francis, Blaise Pascal

E vai mudar, com certeza.

6/02/2004

Pouco me importam, pessoalmente, os males do século, Zeitgest comigo é na pedrada, pertenço a qualquer século mais do que a este. Mal do século, aliás, pode parecer justamente o que ataca o século, por exemplo as pedradas que acabei de ameaçar ao gasparzinho V.2004. Parece, mas não é; o mal é do século, inerente ao tempo, e não contra o século, uma doença da era. Quero dizer, resumindo, que mal do século é aquilo com que o século ataca as pessoas; e mal contra o século são os ataques das pessoas às suas épocas. Por isso os poetas românticos não eram um mal do século, e sim um mal contra o século; o mal daquela época eram os bigodes e Marx levado a sério, como foi a depressão no século XX e será a Teenage Angst tardia no XXI.

Mas o Zeigest não é substituído, apenas muda de estilo; não indo longe demais, volto ao Marxismo no berçário, e olhando o bebê vemos que era um fruto dos problemas das épocas anteriores. Sendo, portanto, um dos males do século XIX, influenciou profundamente o mal do século seguinte, que influencia o atual, ad infinitum. Vejamos a depressão, doença de pessoas que perdem o controle das próprias vidas, muitas vezes com o avançar da idade; até os trinta anos o indivíduo sente-se imortal, sensação que dá lugar à depressão do contato com a morte – negação mais da juventude que da vida. Há morte no vivente, mas não no jovem. A relação da depressão com o marxismo que a precedera é a do efeito com a causa. Mesmo o socialismo chamado científico de Marx não era realizável. Confrontar o imaginado com a impossibilidade de ver, em vida, a concretização do estado ideal é confrontar-se com a realidade da morte que subjuga o sonho – Estado de espírito semelhante ao enfrentado por Moisés ao ver, de longe, a terra prometida onde não entraria. A vida passa então a parecer um vagar sem sentido sobre a terra (na mesma medida em que a quimera comunista substituiu o sentimento religioso para a maior parte das pessoas), nascer, crescer, reproduzir e morrer antes da morte, através da espera.

Essa depressão que acometeu tantas almas no século XX nasceu da indomabilidade do tempo. “Disease of the age” nunca fez tanto sentido quanto no século XX – a depressão era uma doença da época e da idade, a sensação de impotência quanto ao avanço do tempo e a conseqüente degradação individual. Quando, porém, tememos o que não podemos vencer (o que é inevitável, ou natural, e mesmo o que é inexistente na realidade), em geral criamos um mundo onde o objeto temido não existe. O século XXI começa com a negação massiva da morte – ou seja, a afirmação de juventude, a começar por códigos comportamentais tipicamente jovens macaqueados por indivíduos cronologicamente não-jovens. Essa é uma maneira de fugir da depressão causada pela visão da morte – nega-la, atirar-se a uma ilusão de juventude com todo o aparato da juventude. Dessa forma, os deprimidos do século XX dão lugar aos esquizofrênicos do XXI, que por sua vez serão substituídos por outros doentes da alma – escolha do Zeitgest, o grande ditador.

6/01/2004

Assim, fico plenamente convencido de que como poeta sou um merda. Back to life.