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Todos os textos © por Igor Barbosa ou devidamente creditados.

8/31/2004

Multipost 

Goofy does it better
Ah, buenas. Falo agora das Olimpíadas, assunto que faço questão de desprezar durante, para comentar depois. Primeira coisa: Deixem-me sair do grupo dos brasileiros, que ouvi dizer, estão todos (o que significa cada um deles) indignados e revoltados com a intervenção do sujeito de saiote que empurrou o corredor canarinho, que por conta do empurrão se lascou com um humilhante terceiro lugar. Depois disso, ainda disse que “eu se preparei muito blá blá blá”, dando-me imediatamente razão: Alguém que aparenta vinte anos a mais do que diz sua carteira de identidade e fala essas coisas não pode representar um grupo que me contenha.
Lembro inoportunamente de uma frase do Ferreira Gullar, salvo não seja, dizendo que “A crase não foi feita para humilhar ninguém”, de que eu, generosamente, interpreto o termo crase como metonímia para toda a gramática. Pois bem, se não pode humilhar (não digo humilhar todo mundo, mas uns e outros só), serve para quê?

Shandi, tonight must last us por una cabeza
Meu gosto musical é estranho, assumo. O fato é que não é um gosto, e sim uma escala de desgostos. E as coisas que eu desgosto menos não combinam entre si, como Kiss (fase disco, just for fun) e Carlos Gardel.
Já meu gosto musical abriga Bach, Smashing Pumpkins, Placebo e Semisonic.
Houve um tempo em que era moda gostar de barulhinhos estranhos, dizendo que eles (que não se foram totalmente, mas costumam conviver com notas depois da saída das cavernas) eram a música. Garanto que alguém vai poder dizer isso sobre a música de hoje em dia, daqui a alguns anos, assim como nós podemos falar da música d’outrora.

Ai que burro, dá zero pra ele
Comecei este post dizendo “Falo agora das Olimpíadas”, quando na verdade estava escrevendo, caladinho em minha mesa. Obviamente, o falo não era primeira pessoa do indicativo singular do verbo falar. Se vocês quiserem interpretar como substantivo, eu não vou poder falar nada.

Promoção
Ganha um prêmio quem citar a fonte de todas as citações obscuras deste post.
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8/25/2004

Larga isso, menino 

Não tenho cicatrizes pelo corpo, nunca tive um osso quebrado, nenhuma vez me feri a sério - exceto quando uma menina que não sabia a diferença entre mão e contramão bateu na minha bicicleta com a dela. Alguma pecinha estava afiada o suficiente para cavar uma forma de bolo inglês em miniatura, vinte por quatro por três milímetros em minha coxa direita, logo acima do joelho. Feio, mas pude voltar andando para casa; a cicatriz durou só uns cinco anos.

Não posso falar que pernas quebradas doem, mas posso garantir que tempo perdido é engraçado, visto de longe.

A primeira coisa que ouvi na faculdade de filosofia foi "O estudante de filosofia tem que perder todos os preconceitos". Eis um preconceito que eu devia ter preservado: Deve-se acreditar no que se acha crível, e dane-se o resto.

Essa estratégia no prejudices, boys serve apenas para uma coisa: Preparar os calouros para ler as maiores imbecilidades - sério, coisa que não engana nem criancinha - e tomar aquilo como a revelação de uma verdade da qual os preconceitos eram o véu.

Exemplo não meu, mas válido: Nietzsche escreve "Deus está morto", apenas por causa da birra pessoal dele, e o submisso aluno lê isso e fala, "claro, tenho que me livrar deste preconceito de que existe um deus, a resposta já tá aí desde antes de eu nascer" - Lá lá lá, Deus morreu.

Isso ocorre por causa do que eu chamaria de Filósofos de Ruptura - Nietzsche, Marx e caterva - aqueles que vinham de três mil anos de Filosofia e diziam que estava tudo errado. Seria mais divertido sem eles - que são tão dogmaticamente seguidos pelos acadêmicos como a Bíblia é pelos cristãos, e assim quando o estudante está em dúvida entre duas possibilidades, admitiria o que eles dissessem. Exemplo: o cara ia lá e lia Platão, e concordava com tudo; depois Aristóteles, e concordava com tudo. Se percebesse a contradição interna, resolveria com quem? Com Nietzsche, é claro; nunca com o mundo real, com a investigação própria, coisa pouco recomendada por favorecer muito o pensamento próprio - digo, os preconceitos.

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Pensei que já tivesse dito: Abandonei o curso de Filosofia e agora sou um alegre e pimpão estudante de Letras - Fado Cruel, atroz nomenclatura! - Outros melhores que eu já o foram, e Deus me salve do ridículo.


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8/24/2004

De febo 

O homem de gênio se enfurece quando vê que, malgrado aquele ímpeto, aquela virilidade fecundante, aquela - fúria, que alguns chamam verve e eu chamo cócegas, geralmente não consegue ir muito além da sífilis, e que não encanta ninguém que tenha passado da adolescência.

Acho que o problema é abandonar a adolescência cedo demais; os mais velhos acham que é cena, recurso mais pubescente que teatral, enquanto os mais novos vêm te dar lições de responsabilidade fingida. Eu não deixei o ciclo de Febo por não tê-lo jamais adentrado; levei muito tempo para conseguir que minha mãe dissesse de mim que já nasci velho (resignada, como se me dissesse um alcoólatra), o que me causou vero orgulho, suficiente para repetir: Já nas-ci vee-lhoo, seus chorões leitores de Harry Potter. Olhem bem, Homero, Virgílio e Dante também nasceram velhos (deste último, ver a Vita Nuova, prova mais que suficiente do que digo; Dante nasceu velho e ninfoléptico), e os três eram INFP, como eu; e se investigasse, descobriria pelo menos mais algumas coincidências, mas paro por aqui.

Mas buscar modelos no passado é perigoso, lembro-me. Algo em comum devo ter com Mao tse Tung, que se fosse bom chamar-se-ia Bon tse Tung, ou com Robespierre, ladrão que rouba os Pierres.

O que me difere de Napoleão é que eu tenho sono.

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8/18/2004

Cinco Palavras Imbecis, por Tolstoi 

Mauríuchka, quando pilheriava de algo, não apenas o fazia decididamente como demonstrava não se dar conta da excessiva extensão de seu gracejo, e mesmo não reprovar a própria conduta. Duas semanas decorreram entre a primeira vez que Gregor Kastilovitch a viu e sua primeira conversação.

Os tempos após este diálogo exasperavam-no pela vulgaridade de dias, horas e minutos. Tudo parecia arranjado para irritá-lo, lembrando-o em seguida que tal direito não lhe assistia. Esse estado de espírito culminou, enfim, com um daqueles olhares que lhe dirigia Maura Pietrovna, solicitantes de uma estética inédita para serem convenientemente descritos. Gregor dava-se conta disso, culpando-se por saber, embora não o percebesse, que não passavam de olhares. Corava e pretendia ignorar estas disposições mútuas.

Encontrando-se ambos por acaso, perguntou-lhe Mauriúchka:

-Gregor Kastilovitch, sempre que nos encontramos, vejo que carregas roupa negra – e parou, corando, vexada da indiscrição que acabara de cometer; decidida, no entanto, a terminar a frase que havia começado, continuou: - Não estarás porventura de luto? Mal o conheço, perdoe-me – e corou novamente.

-C’est parce que je suis la Mort* – respondeu Gregor Kastilovitch, olhando para o ombro esquerdo de Mauríuchka, e corando ao ver que ela percebia o seu olhar.

Instantes depois, Gregor Kastilovitch seguia seu caminho, meditando que Mauríchka dificilmente seria, em intimidade, tão dócil e submissa quanto se mostrava publicamente, da mesma forma que ele na verdade era muito menos versado em francês do que suas constantes citações fariam crer a um observador menos atento.

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*- É porque eu sou a Morte (N. do E.)

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8/16/2004

Sobre Spoilers 

Spoilers é uma série deste blog que consiste em contar o final de alguns dos livros que leio. Já os fiz de Black Mischiel, do Waugh, e Os Maias, do Eça, entre outros que ainda não publiquei.

Li, nas últimas quatro semanas, Ana Karenina, do Leo, ou Leon, ou Leão (como no meu volume), ou Liev Tolstoi. É uma obra grande, que eu li lentamente. E lá pelo meio, estava convencido de que there would be a spoiler.

Terminei ontem e digo:Não há spoiler. Só digo que vale a pena encarar o tijolão para ler a última parte.

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Estado interessante, vide post abaixo, significa gravidez, que significa que um bebê nascerá, sendo automaticamente, neste caso, meu filho ou filha. Congratulem-me, pois.

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8/11/2004

Dreviestio, fulcra 

Se alguém quer saber, post novo no [http://meioumemeio.blogspot.com] entre meio e um e meio.

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Nina em um estado interessante. Sinto-me como Constantino Liêvin.

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Humm, o trecho de Cinco Palavras Imbecis postado abaixo é mesmo tão ruim que nem mereça um insulto?

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8/09/2004

Title? 

Cinco palavras imbecis: Um trecho de meu romance.

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Maura ria sempre como se quisesse rir ainda mais. Levou duas semanas para que ela falasse comigo.
Desde então uma vida clichê. O olhar dela para mim, apesar de que vinha dos olhos, parecia pedir que alguém lhe atribuísse um cheiro ou uma cor. Eu tentei não ver.

-Por que você só se veste de preto?
-C'est parce que je suis la mort.

Perto de mim, Maura sempre fingia ser inocente, assim como eu, perto dela, fingia saber francês.

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